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A hipocrisia da internacionalização propagandeada |
Terça, 03 Abril 2012 11:38 |
A 27 de março o Bloco de Esquerda reúne com o FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, e coloca a descoberto a hipocrisia da internacionalização propagandeada. O FITEI é um dos mais importantes festivais de teatro portugueses, decorre há 34 anos na cidade do Porto e tem hoje um corte de financiamento na ordem dos 70 por cento. A questão é: internacionalizar o quê quando não há possibilidade de criação?
Em 2012, impulsionado pelo corte de 38 por cento da Direção-Geral das Artes, no total o festival teve uma redução de financiamento na ordem dos 70 por cento. Para o FITEI, como para a generalidade das estruturas de criação e programação artística em Portugal, o financiamento do Estado central é a base a partir da qual se cria a estrutura para negociar e angariar os apoios locais e privados. O corte no financiamento protocolado com a Direção-Geral das Artes determinou cortes em patrocínios e a própria CM do Porto decidiu também cortar o apoio.
O FITEI deu conhecimento à Direção-Geral das Artes das atividades que ficam sem possibilidade de execução por causa dos cortes. É um amplo leque de atividades que inclui criações inéditas; espetáculos internacionais; instalações e performances espalhadas pela cidade que permitiriam um contato alargado com a população que está distante da criação artística. Ao corte nas atividades junta-se a suspensão do prémio Júlio Cardoso; a incapacidade de manter o centro de documentação; os despedimentos e a redução de equipas técnicas e de produção. Acresce ainda a redução de convidados que quebram as habituais parcerias internacionais.
Ao mesmo tempo que chama a atenção para o risco que decorre do desinvestimento cultural, a deputada Catarina Martins não poupa nos elogios às medidas de apoio à internacionalização apresentadas por Samuel Rego: “a ideia de que a aposta principal deve ser a internacionalização, quando se corta a capacidade de criação e até de implementação internacional dos agentes culturais, é de uma hipocrisia insuportável”.
A 30 de Março o Bloco de Esquerda questionou o Secretário de Estado para a Cultura acerca desta situação. Quer saber que medidas estão a ser tomadas para uma política estruturada para a internacionalização da criação artística portuguesa |
