O Museu Regional de Beja está em risco de fechar portas. Aos salários em atraso que apenas em fevereiro foram regularizados, e aos vários despedimentos, acresce o Museu estar a funcionar em regime de “serviços mínimos” e sem capacidade para contrariar a visível degradação da estrutura. Na base da situação está uma dívida da Câmara Municipal de Beja.

A Câmara Municipal de Beja, responsável por 60 por cento do orçamento do Museu Regional, deixou de pagar a comparticipação mensal que lhe cabia e votou contra a mesma no Orçamento para 2012 da Assembleia Distrital, entidade que administra o Museu.

Numa altura em que todos os programas nacionais de apoio, nomeadamente através da rede Portuguesa de Museus, se encontram paralisados, a posição da autarquia bejense fez temer o pior quanto ao futuro do museu.

A pesada combinação de cortes da autarquia e do Estado central já determinou o cancelamento de diversas atividades, ao nível da investigação, promoção e do serviço educativo, bem como o corte de serviços como a limpeza e manutenção do edifício do museu. O agravamento dos problemas de infiltrações e de climatização, bem como as dívidas a fornecedores, incluindo a EDP, colocam em causa a capacidade do Museu manter as portas abertas.

Os funcionários do Museu Regional de Beja e o seu diretor, José Carlos Oliveira, têm dado testemunho de muita preocupação quanto ao futuro do museu. O arqueólogo e presidente do Campo Arqueológico de Mértola, Cláudio Torres, já declarou que teme o encerramento do Museu de Beja, “um dos museus mais importantes do País, em termos arquitetónicos e pelo espólio que apresenta”. 

A deputada do Bloco de Esquerda Catarina Martins lamenta “que possa estar em causa o funcionamento deste que é um dos principais museus do país que há mais de 100 anos contribui para a divulgação do património histórico e cultural da cidade e da região”.

A 30 de Março o Bloco de Esquerda pediu esclarecimentos à CM de Beja e questionou o Secretário de Estado para a Cultura quanto à situação do museu.