O Governo desvincula-se de toda e qualquer responsabilidade no investimento do sector cultural. Por muito fracos e idiotas que fossem os anteriores governos na área cultural havia pelo menos uma segurança que protegia o setor de alguns ataques, a vergonha. Uma vergonha intelectual de não perceber muito do assunto, o que resultava normalmente em decisões pouco esclarecidas mas pelo menos obrigava a tutela a ter alguma responsabilidade e cuidado. Algum cuidado em não dizer parvoíces, em respeitar o trabalho de criação artística, mesmo aquele que não entendiam.
Nos últimos 10 anos o investimento público na Cultura caiu 75% e o Estado central não gasta agora mais do que uns ridículos 0, 1% do PIB na Cultura. Simultaneamente as autarquias diminuíram os apoios, as empresas cortaram até nos apoios em géneros e o público tem cada vez menos capacidade de pagar bilhetes. Sucedem-se cancelamentos de produções, despedimentos, cortes de salários, salas vazias e agendas culturais quase inexistentes.